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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Carolina Herrera é fragrância que venera a arquitetura perfeita

Eu uma vez saí de um encontro em Paris com o perfumista da Hermès, Jean-Claude Ellena, e o ouvi repetir um comentário simples. Ellena havia apresentado o perfume no qual estava trabalhando para a equipe criativa. O perfume "ainda não estava pronto", mas todos concordaram, "ça sent bon". Ele tinha um cheiro bom. No corredor, Ellena repetiu a avaliação com evidente alívio. Desde que eles concordassem que "ça sent bon", ele sabia que estava indo na direção certa.Frasco do perfume Carolina Herrera

Em 1988, a maison Carolina Herrera lançou seu primeiro perfume epônimo, elaborado por Carlos Benaim com o auxílio dos perfumistas Max Gavarry e Rosendo Mateu. Vinte anos podem ser um longo prazo para uma fragrância, permitindo que observemos falhas, que desapareçam as notas que uma dia foram frescas. No caso do Carolina Herrera, nada disso aconteceu.

Acho que falo literalmente quando digo que nunca passei este perfume em uma mulher - ou em um homem, no que lhe diz respeito - sem ouvir "que cheiro bom". Benaim elaborou um floral marcante cuja nota de saída é a tuberosa, um tipo de flor muito particular. Mas sua abordagem desta substância natural é menos literal e realista do que, digamos, o uso da tuberosa que o perfumista Dominique Ropion faz em Carnal Flower (um nome que transmite perfeitamente o caráter sutilmente pornográfico das tuberosas) para a marca Editions de Parfums. Ropion jogou abertamente com os aspectos verde e indômito da flor - suas pétalas densamente perfumadas misturadas à seiva fresca de tenros caules violentamente cortados ao meio.

Benaim, pelo contrário, despiu a tuberosa de seus caráteres marcante e narcótico e, como um chef de patisserie, primorosamente incorporou o aroma em um perfume ensolarado e glamoroso, que é tão perfeitamente empoado quanto o rosto de uma estrela do cinema numa varanda de Beverly Hills. É isso o que você sente no Carolina Herrera: o perfume de tuberosa da estrela, sua maquiagem, o jasmim engenhosamente plantado ali perto e o calor de Los Angeles vindo das Maseratis patrulhando o Wilshire Boulevard lá embaixo.

Carolina Herrera não é para qualquer um. Alguns vão preferir o cheiro das garras da tuberosa que Ropion deixa à mostra. Alguns vão achar que o nível de sofisticação está um pouco acima do desejável - este é um perfume extremamente refinado. Mas é uma referência. Tanto Allure, de Chanel (1996) quanto Glow, de Jennifer Lopez (2002), que usam com engenho o aroma da maquiagem como tema olfativo, devem a Carolina Herrera. Talvez seja um perfume que venera a arquitetura perfeita. Sem nenhuma falha observada.

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